Dão que pensar os resultados regionais no País Basco. Numas eleições, em que o PNV exerceu várias pressões sobre o governo Zapatero e que incluiu um braço de ferro com ambições anti-constitucionais.
O PNV, partido das grandes famílias bascas, herdeiro de uma longa tradição de nacionalismo burguês, sempre jogou no tabuleiro perigoso da exploração dos sentimentos identitários dos bascos, se necessário com condescendência para com a ala violenta e terrorista dos nacionalistas pistoleiros, em simultâneo com a sua respeitabilidade de aristocracia empresarial capaz de fazer compromissos com o governo central. Aproveitando, também, o facto significativo de os católicos bascos serem os únicos (por via de um clero com cultura nacionalista), em Espanha, que se podem gabar de possuírem uma igreja regional. E, neste jogo, recheado de ambiguidades e duplicidades, conseguir do Orçamento espanhol o máximo de benefícios para as terras bascas.
Na fase pré-eleitoral, além das pressões para um novo estatuto pró-rotura, o PNV jogou forte. Inclusive, pela piscadela de olho aos radicais e violentos, protestando contra o afastamento do Batasuna/ETA da candidatura eleitoral, numa caça ao voto sem escrúpulos.
Afinal, enquanto o PNV perdeu deputados, o ramo basco do PSOE subiu e chegou-se a um empate no equilíbrio de alianças das forças regionais (o PP também desceu no número de deputados). Até porque os 100.000 eleitores do Batasuna/ETA obedeceram às ordens para votarem, em protesto, num grupúsculo desconhecido.
O eleitorado basco parece ter-se apercebido que o PNV estava a ir longe demais e procurou equilibrar forças em vez de atirar gasolina para o lume. Desta forma, o PNV vai ter de se moderar e acalmar-se, adaptando-se a novos compromissos, negociando em vez de pressionar. Resumindo, uma grande vitória para Zapatero e para o PSOE que, sem abrir brechas no seu prestígio junto dos bascos, demonstraram que a firmeza compensa quando do outro lado se procura seguir o caminho da chantagem.