É frequente a expressão da ambivalência da posição dos cidadãos perante a Polícia. Quando ela não aparece, ou enquanto não aparece, tendemos para a histeria securitária. Queríamos de imediato polícias dispostos a tudo
naquele segundo, bem armados, expeditos, ligados em rede, para
acabar com a malandragem. Se eles aparecem e actuam, ai jesus, grandes brutamontes. No fundo, estamos de mal com os polícias e com os ladrões.
Obviamente que a história das nossas polícias, o hábito do abuso da força e a impunidade associada, deixou marcas que custam a passar. E há que continuar a condená-la sempre que ela ocorrer.
Mas o aumento da criminalidade impõe mais e melhor polícia. Polícia que, para actuar, não pode ser inibida do direito de se defender e da obrigação de nos defender. E defender-se, quando de defesa se trate, usando recursos que desproporcionem a seu favor o uso da violência. E em caso de inevitável luta armada entre os dois grupos (dos delinquentes e dos polícias), prefiro que as baixas se registem no bando fora-da-lei.
A polícia tem de trabalhar para ganhar mais confiança da parte dos cidadãos e ser vista como uma
força de defesa. Os cidadãos têm de compreender melhor o uso da força necessária por parte da polícia.
Oportuno é pois o post que o
Raimundo Narciso colocou no
Puxa Palavra. Aconselho a sua leitura até porque o tema devia merecer mais discussão tendo em conta que a todos respeita. Caso contrário, continuaremos a balancear entre o impulso securitário e a rejeição da autoridade, o que só favorece a impunidade banditista e o desenvolvimento paralelo, no seio da polícia, de um caldo de cultura autoritária e anti-democrática.